17 outubro, 2013

Pai, essa é pra você!

Hoje escrevo pra você! Meu ídolo, minha proteção, meu guardião, meu exemplo, meu grande amor. Meu espelho de vida: Hernani, meu amado pai.
Quem acompanhou meus passos, quem pôde estar ao meu lado por 20 anos. Um dos responsáveis pelas primeiras manifestações de amor, afeto, valores. De onde veio o colo, o sentimento de abrigo, o momento em que todos os problemas se tornavam vazios.
Nas horas de desespero, era pra você que eu corria. Sempre o considerei sábio, sensato, sabedor do que é certo. Confiava minhas decisões a ti, abraçava tuas opiniões (e ainda as abraço), porque sabia que eram ponderadas, emitidas por quem tinha moral para tecer comentários. Por quem entendia de vida e entendia de família. Entendia de ética, moral, disciplina, bom senso, profissionalismo, autenticidade, responsabilidade, solidariedade... Alguém com um lado humano mais do que digno!  São tantas coisas que mal consigo enumerar. Trago uma ideia central: você soube ser pai! Um grande pai! O pai que precisei e que ainda preciso. Minha referência!
Você... Quem eu nunca consegui imaginar com um semblante envelhecido, embora fosse maduro. Mesmo que pudesse ter vivido décadas além dos 48 anos que viveu, não te veria nunca como um velho. Ainda que se sobressaíssem alguns singelos cabelos brancos, a imagem que tive sempre foi de um pai jovem. E você era! Jovem de idade, mas não de vivência.
Admirava vê-lo correr, jogar futebol e soltar pipa com meu irmão. Aprendi a admirar a forma como foi cuidadoso conosco, por tudo que abdicou em prol de sua família.
Lembro-me de quando me ensinou a andar de bicicleta, correndo ao meu lado enquanto eu pedalava. Lembro-me dos gibis que comprava, porque sabia que eu adorava ler. Sempre que surgia o novo “Almanacão de Férias Turma da Mônica”, lá estava um presente me esperando.
Lembro-me da comida deliciosa que você fazia. Lembro-me das explosões de alegria quando o time que torcia fazia gol (sobretudo quando ganhava do Flamengo). Lembro-me das paródias que criava e cantava pra gente e do jeito como ensinou nosso cãozinho Splinter a latir (Pasmem!). Lembro-me até das broncas que eu recebia quando ficava muito tempo usando o computador.
Lembro-me do amor que você depositava na família. De como se orgulhava quando eu contava sobre os feitos no colégio, no esporte, até na faculdade. De quando sorria ao saber de coisas cômicas que meu irmão fazia, o caçula botafoguense, orgulho do pai. Coisas simples, mas que faziam muito a diferença!
Nunca tive coragem ou peito suficiente para falar tudo isso assim, de uma vez, pessoalmente. Temos o péssimo costume de guardar para nós aquilo que de mais belo sentimos, expondo uma vez ou outra. Mal nos atentamos sobre o quanto é agradável ouvir o coração do outro. Mesmo que já tenhamos consciência de que os sentimentos existam e são fortes, nunca é demais reiterá-los!
Tantas lembranças do que poderia acontecer e não existiu. Saudades do que passou e ficou na lembrança! Saudades, também, do que não passou, do que não pudemos viver juntos. Tantos planos, tantos pensamentos sobre como seriam as coisas se você ainda estivesse fisicamente aqui...
Meu saudoso pai, tem noção de quanta falta nos faz? As pessoas pensam entender, mas nem sempre entendem. Somente quem já passou por situação semelhante consegue mensurar este sentimento: um misto de amor, saudades, tristeza, carinho. Sua presença subsiste na ausência.
Saudades diárias, impossível passar sequer um dia incólume. Nem o tempo, nem a distância, nem a saudade consegue me separar do que você foi e ainda é! Nada me afasta de tudo que representa pra mim. O amor só cresce! Orgulho por ser a sua filha, por ter seu sangue, por ser parecida com você.
Quanto amor! Quanto choro! Quantas saudades!
Junto com a sua ausência, surgem os “porquês”. Por que foi tão cedo? Por que não deu tempo de conhecer meus futuros filhos, seus futuros netos? Por que fui privada da sua presença em meu futuro casamento? Por que não pude receber um abraço em minha colação de grau, quando tirei a nota máxima na monografia, quando fui aprovada em um concurso público ou quando me tornei advogada? Por que não tenho mais você para contar as coisas que vivo, as posturas que tomo? Por que não o tenho mais para puxar minha orelha caso seja preciso?
Às vezes fico perdida! Quantas noites de insônia e lágrimas! Sinto uma necessidade imensa de conversar contigo, desabafar. Amor eterno e saudades que se prolongam no tempo. Amor este que, neste momento, transborda pelos olhos.
Que você, pai, esteja bem onde estiver! Não quero decepcioná-lo nunca e espero que sempre se orgulhe de mim.
Neste dia em que se completam cinco anos sem a sua presença física, apenas desejo que receba todo o meu amor, carinho, admiração! Penso em você todos os dias. Você está presente em mim.
Espero... Até o dia em que nos encontraremos de novo! Até o dia em que as lágrimas serão um alívio para o coração e a expressão da felicidade da alma. Até o dia em que a dor da saudade se transforme em uma doce lembrança, igual tantas outras que já tenho em relação a você, meu pai.
São os sinceros sentimentos da sua filha que te ama infinitamente,
Lilian