11 julho, 2012

Hoje eu vou falar!



Tenho feito um apanhado da minha vida. Sim, da minha vida. Talvez não seja isso que as pessoas esperam de uma mulher no auge dos seus 26 anos recém completados, sobretudo quando acham que não tenho preocupações já que estou me relacionando com um homem grisalho (no sentido de “mais maduro”) e bem sucedido. Sei que provavelmente você não me levará a sério. Sei que você me enxerga como uma simples menina que passou por momentos difíceis quando teve um choque de realidade. Uma simples garota que vivia em um mundo de magia e agora se sente no mundo das sombras. Mas não é bem isso, meu bem. Isso aqui é somente a casca. Você não faz ideia do mundo assombroso por trás desse meu rostinho angelical e destes olhos claros levemente defeituosos. O defeito é meramente visual, jamais cerebral. E eu vejo além do que está na frente dos meus olhos, embora não pareça.

Eu não sou mais aquela garotinha superficial e tonta que muitos pensam que ainda sou. E por pensarem assim – aliás, a maioria dos que deduzem isso sequer pensam – acham que podem me manipular. Que podem me domar, me amaciar com elogios, com frases feitas, com gentilezas forçadas. Eu não sou otária! E antes que você questione, eu também não tenho síndrome de perseguição. Simplesmente resolvi abrir meus olhos. Esses meus olhos que antes viviam fechados para a realidade, que viviam entorpecidos por um mundo que não existia. Não, querido! Não é pessimismo: é revolta! Revolta com as coisas erradas, com tudo que queria mudar, mas não posso. Esgotamento psíquico. Vontade de sumir! É surpresa ao ver como as pessoas são sujas, imundas na verdade! E que com seus sorrisos maquiavélicos tentam nos dar uma rasteira. Ainda assim, sustentam a imagem de boazinhas.

Eu só estou cansada! Há muito tempo tenho me calado, mas esse silêncio tem me corroído por dentro. Não me venha com essa conversa de que com o tempo tudo vai melhorar. Esse clichê já é batido. No máximo torna as cicatrizes estagnadas, mas passíveis de se tornarem feridas abertas outra vez. Muito mais pertinente usar a frase que coincidentemente li hoje e fiz questão de anotar na minha pseudo-agenda: “O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções”(Martha Medeiros). E complemento: em certos casos (digo por experiência própria), o tempo até intensifica as dores. Ao mesmo tempo que as tira de foco, ele a alimenta de forma progressiva e sutil. Bem... essa é a minha visão. Acho que o tempo, afinal, é um paradoxo que nos machuca e nos consola ao mesmo tempo.

Não se preocupe com o que estou te dizendo! Estou bem, de verdade! Apenas extravasando... Voltando ao nível normal de saturação. Enfrentando a semana com a cabeça erguida, observando essa gente hipócrita que, por mais cretina que seja, também tem seu aspecto bom. “Bom” no sentido de bondade mesmo. Não! Não é contradição nem hipocrisia minha. É constatação.

Ainda me acostumando com a ideia de que os principais motivos para muitas pessoas serem sujas é a vontade incalculável de comparecem aos seus shopping-templos para venerarem o deus do consumo. Engraçado como a “melhor” e a “pior” coisa se associa ao dinheiro. E muitas pessoas acham que sou como elas, como se minha prioridade fosse idolatrar esse mesmo “deus”.

Fique frio! Em nenhum momento disse que sou santa, perfeita, incapaz de errar. Às vezes acho que erro mais que todo mundo, que tomo decisões erradas, que faço sofrer quem eu amo. 

E contesto! Contesto quando você me diz que agora estamos juntos para superar tudo. Por mais que a sua intenção seja boa, isso é inverídico. Você não entende que não somos “um”. Somos dois, eu e você. Duas peças chaves que se completam, mas que não se misturam. Eu tenho a minha cabeça, meus pensamentos, minhas neuras. Você também tem as suas. Mas concordo que hoje já não sei mais viver sem você. Você é o meu ponto de equilíbrio e, sem querer ser prepotente, eu sei que também sou o seu. Às vezes não sei se você fala em códigos para me deixar louca ou se eu já estou louca e acho que você tem um “Q” misterioso. Não sei o que pensar. E quando penso, sinto que é melhor não arriscar. O meu racional me diz que nada disso é racional. Meu emocional me diz que eu só posso estar com você... e é com você que ainda poderei ser feliz. Tenho tentado... Mas não sei se sou eu, se é o meu ego ou minha deficiência em assimilar e digerir rapidamente essa infinidade de fatos absurdamente e pejorativamente poderosos, que tenho sentido que estamos como duas retas paralelas, que caminham para um mesmo destino, possuem os mesmos ideais, mas não se olham.

Tudo isso pra te dizer que o apanhado que resolvi fazer, mesmo que você esteja confuso com esse tanto de assuntos desconexos e ditos sequencialmente sem qualquer vínculo, ou com elos que eu estabeleci entre uma loucura e outra, foi para enumerar os seguintes pontos que têm me tornado fragilizada. Talvez assim você entenda o turbilhão que se passa aqui nessa cachola. São eles:

* Descobri que não posso mudar o mundo. Que há coisas erradas que, por mais que eu me esforce, continuarão erradas. Descobri que não tenho forças contra titãs, gigantes que pisam em todos e tomam conta de tudo.

* Descobri que por mais que as situações sejam complicadas, que mesmo que a revolta seja insuportável, simplesmente não há o poder de reverter certas coisas, pois não depende de mim.

* Descobri que o que me revolta é não poder ter o controle das coisas, sobretudo aquilo que eu acho errado e penso que poderia consertar. Mas isso é a vida, não é? Talvez seja isso que tenha me feito perceber que os contos de fadas são exatamente isso: conto de fadas.

Não espero que me compreenda. Mas espero que esteja comigo. Aliás, desde que vim morar nessa cidade maluca, foi você com quem sempre contei, mesmo antes de você saber disso. Tenho sentido que estou te afastando, mas não quero isso. Isso é a consequência da história de quem envelheceu demais de uma hora pra outra, alguém que viu o que achou que nunca poderia ver. Alguém que esteve no inferno, mas que conseguiu sair... com feridas, mas de pé. E agora busca em você o refúgio, só que sem te sugar, de forma a te retribuir com o melhor que ela tem, tudo que lhe restou. E são coisas que valem a pena lutar!

E como sempre, despejei minha confusão em você. Acho que te uso como fonte de desabafo, mesmo que nada faça sentido pra você. Sabe de uma coisa? Acho que gosto mesmo de você. Na verdade, sabemos que é bem mais que isso. Bom... agora vou trabalhar. Tenha um excelente dia, nos vemos à noite!

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