10 dezembro, 2012

A Menina de Olhos Castanhos


Era uma menina de olhos castanhos. Assim mesmo, com esta descrição pura e simples. Não que ela tivesse algo a esconder, mas era assim que se apresentava.


Não queria ter um diferencial. Na verdade, a exaltação de características nada rebuscadas simplesmente a igualava a várias outras garotas. E era o que ela queria. Tinha pavor em ser notada, em ser vista ou julgada. Sentia-se reprimida e se colocava em uma posição que tinha aversão, talvez por medo. Detestava a ideia de existir, mas existia.

Ela, a menina de olhos castanhos. Aquela que era simplista. Na verdade, aquela que, no âmago, não era nada simplista. Aquela que fazia exercícios para manter sua mente vazia de tudo, de gente, do mundo. Mas não conseguia.

A menina de olhos castanhos. A menina que se autodenominava assim tendo como único critério a cor dos olhos. Mas por que justo este critério?  Ela que poderia se caracterizar de diferentes formas básicas, por que escolheu pela cor dos olhos?

Foi quando descobriu que era muito mais do que uma menina de olhos castanhos. Percebeu que o seu olhar, aquilo que a caracterizava perante o seu mundo particular, em uma percepção de seu “alter ego”, era eivado de significados. Sentiu, pela primeira vez, um choque de realidade.

A menina, repentinamente, se arriscou a tentar ser quem, de fato, era. Tentar se igualar às outras era demasiado difícil, moralmente complexo. Assentiu que aquela que optava ser não era ela. Livrou-se das amarras que outrora havia criado para si mesma.

Afastou o receio de abranger sua visão e, enfim, passou a enxergar. Optou por novas escolhas, desta vez, positivas. Resolveu sair da inércia, da vida sem emoções pela qual havia optado. Sentiu vontade de ir além, até o horizonte que seus olhos alcançavam.

A menina de olhos castanhos passou a trabalhar a sua forma de lidar com aquilo que a rodeava e, mais ainda, a maneira como se relacionava consigo própria.

Hoje ainda se intitula como a “menina de olhos castanhos”. Mas agora tem a convicção, em seu íntimo, de que é muito mais do quê isso. Não perdeu a sua essência, continua com aquele seu espírito de garota, mas uma garota cheia de experiências de vida, percepções de coisas, de gente, do mundo.

A mulher de belíssimos e profundos olhos castanhos. A mulher que, enfim, despiu-se de sua miopia moral.
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Texto de minha autoria originalmente publicado no blog Diversidade Convergente!

15 novembro, 2012

O Romantismo, a Revolução Francesa, Delacroix e o Brasil


A Arte nos inspira a fazer um paralelo sobre questões contemporâneas. É certo que a expressão da arte é uma das melhores formas de tornar “duradoura” a percepção do artista quanto à mensagem que anseia transmitir, embora a luta pela liberdade se perpetue. Foi o que aconteceu com a obra confeccionada em 1830, que traz significados suficientemente claros e que podem ser adequados a vários temas atuais.


No século XVIII surgiu na Europa o Romantismo, movimento que conquistou grande repercussão, sobretudo na França, motivado pelos ideais do Iluminismo e, também, da Revolução Francesa: “Liberté, Égalité, fraternité” (Liberdade, Igualdade e Fraternidade).

Entre as principais características do movimento estão a demonstração do nacionalismo, a valorização das emoções e dramaticidade, a centralização do indivíduo e seu sentimentalismo frente ao Estado opressor e à crise social, a desconsideração da racionalidade estabelecida pelo academicismo através da retratação de figuras fictícias, além do subjetivismo atendo-se ao contexto histórico.

Uma das obras célebres deste movimento é a “La Liberté guidant le peuple” (Liberdade Guiando o Povo), do artista francês Eugène Delacroix, que externa algumas propostas do Romantismo: a busca pela Liberdade tão almejada pelos revolucionários; os soldados mortos por este grupo que lutava por seus ideais embelecidos pela Revolução Francesa. O espetacular é que a dita “Liberdade” se traduz através de uma figura feminina que carrega uma bandeira francesa, polemicamente representada com os seios nus e empunhando uma arma de forma a expor a luta pelos ideais, sendo o símbolo máximo de liberdade e democracia a ser alcançado. O pintor realça o seu sentimentalismo retratando a si mesmo como um dos revolucionários, demonstrando o seu apoio ao movimento revolucionário e sua ânsia por ter participado.

É nítido que tal obra é carregada de significados quando consideramos a situação histórica a que se refere. Ao analisá-la, é possível pensar sobre a conotação do tema “liberdade” nos dias de hoje.

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Fazendo um salto histórico e geográfico, chegamos ao Brasil. O nosso país é marcado não pela busca do que chamamos de liberdade, mas sim de lutas por interesses, o que incitou o surgimento durante anos de milícias e movimentos separatistas contra governos opressores no Brasil. É de se impressionar que o Brasil é visto como um dos únicos países que alcançou a independência com participação popular quase nula e sem necessariamente ter que derramar sangue. Os poucos movimentos sociais/populares que existiram foram de baixa expressividade. Há tempos o que prevalece é o costume de o povo não buscar com afinco a dita “liberdade”.

Após o período de ditadura militar, durante o processo de abertura política, surgiu a necessidade de defender valores democráticos. O alcance à democracia e às liberdades foi, em tese, materializado com o surgimento da Carta Magna de 1988, a qual trouxe o devido respaldo aos direitos e garantias fundamentais que por anos foram privados aos brasileiros, passando a incluir todos os cidadãos dentro das proporções igualitárias.

Mas seriam estes direitos escritos no papel suficientes para que sejamos livres e possamos exercê-los de forma plena? Não seríamos escravos daquilo que pensamos ser a liberdade? O fato é que, embora tenhamos direitos respaldados pela Constituição da República, nem sempre conseguimos alcançá-los por questões diversas.

O artigo 6º da Constituição Federal dispõe: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.

Ora, tais direitos sociais nos são constitucionalmente garantidos e nem por isso são respeitados. Um exemplo clássico é a saúde. Todos nós sabemos o quanto é precária a situação do atendimento público de saúde, apesar de ser obrigação plena do Estado garanti-la.

Embora existam soluções no papel, podemos ousar afirmar que carecemos de movimentos sociais pontuais para exercer o que nos é, de direito, garantido. O Direito em suas diversas vertentes tem como finalidade atender a todos, de forma justa, pacífica e igualitária, pelo menos na teoria. Tal finalidade somente pode ser atingida através de batalhas. Não há que se falar de lutas corpo a corpo, mas luta por direitos, por fazer valer aquilo que deveria nos ser garantido. O que se denota, no entanto, é que não temos a “liberdade” que deveríamos ter.

Ademais, ainda convivemos com a barreira de não sabermos, na íntegra, a liberdade que realmente buscamos ou do quê precisamos nos libertar. Somos ludibriados ou aceitamos sermos colocados nessa posição. O brasileiro se acomodou com esse “estilo de vida”, vestiu tais paradigmas.

A liberdade deveria ser o pleno alcance ao que é nosso de direito, sem termos que nos submeter à boa vontade do Estado, que muitas vezes não cumpre o que lhe é incumbido. A liberdade deveria ser o estereótipo da dignidade da pessoa humana. Mas ainda não a enxergamos assim. Por vezes preferimos nos manter vendados, à espera de algo que nunca chegará.

Talvez falte uma inspiração que nos motive a não sermos escravos de nossas próprias rotinas, nossos próprios comodismos, enquanto impera a nossa apatia.
Falta-nos, antes de tudo, uma “Liberdade Guiando o Povo”, que nos instigue a sair da inércia. Precisamos não necessariamente de um símbolo, mas de algo maior, que nos inspire a querer mudar. É preciso, antes de tudo, percebermos que há algo a ser conquistado e que não será desbravado sem um primeiro passo. Em uma analogia ao Mito da Caverna de Platão, é preciso haver a superação de nossa ignorância para que o conhecimento seja aceito e concretizado; neste caso, para que a liberdade seja obtida.

Falta-nos a coragem para ir adiante. Afinal, torna-se difícil lutarmos por algo enquanto nem nós mesmos sabemos o que queremos. Um pouco do romantismo europeu nos dias de hoje cairia muito bem ao Brasil.

* Texto de minha autoria originalmente publicado no blog DIVERSIDADE CONVERGENTE:


11 julho, 2012

Hoje eu vou falar!



Tenho feito um apanhado da minha vida. Sim, da minha vida. Talvez não seja isso que as pessoas esperam de uma mulher no auge dos seus 26 anos recém completados, sobretudo quando acham que não tenho preocupações já que estou me relacionando com um homem grisalho (no sentido de “mais maduro”) e bem sucedido. Sei que provavelmente você não me levará a sério. Sei que você me enxerga como uma simples menina que passou por momentos difíceis quando teve um choque de realidade. Uma simples garota que vivia em um mundo de magia e agora se sente no mundo das sombras. Mas não é bem isso, meu bem. Isso aqui é somente a casca. Você não faz ideia do mundo assombroso por trás desse meu rostinho angelical e destes olhos claros levemente defeituosos. O defeito é meramente visual, jamais cerebral. E eu vejo além do que está na frente dos meus olhos, embora não pareça.

Eu não sou mais aquela garotinha superficial e tonta que muitos pensam que ainda sou. E por pensarem assim – aliás, a maioria dos que deduzem isso sequer pensam – acham que podem me manipular. Que podem me domar, me amaciar com elogios, com frases feitas, com gentilezas forçadas. Eu não sou otária! E antes que você questione, eu também não tenho síndrome de perseguição. Simplesmente resolvi abrir meus olhos. Esses meus olhos que antes viviam fechados para a realidade, que viviam entorpecidos por um mundo que não existia. Não, querido! Não é pessimismo: é revolta! Revolta com as coisas erradas, com tudo que queria mudar, mas não posso. Esgotamento psíquico. Vontade de sumir! É surpresa ao ver como as pessoas são sujas, imundas na verdade! E que com seus sorrisos maquiavélicos tentam nos dar uma rasteira. Ainda assim, sustentam a imagem de boazinhas.

Eu só estou cansada! Há muito tempo tenho me calado, mas esse silêncio tem me corroído por dentro. Não me venha com essa conversa de que com o tempo tudo vai melhorar. Esse clichê já é batido. No máximo torna as cicatrizes estagnadas, mas passíveis de se tornarem feridas abertas outra vez. Muito mais pertinente usar a frase que coincidentemente li hoje e fiz questão de anotar na minha pseudo-agenda: “O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções”(Martha Medeiros). E complemento: em certos casos (digo por experiência própria), o tempo até intensifica as dores. Ao mesmo tempo que as tira de foco, ele a alimenta de forma progressiva e sutil. Bem... essa é a minha visão. Acho que o tempo, afinal, é um paradoxo que nos machuca e nos consola ao mesmo tempo.

Não se preocupe com o que estou te dizendo! Estou bem, de verdade! Apenas extravasando... Voltando ao nível normal de saturação. Enfrentando a semana com a cabeça erguida, observando essa gente hipócrita que, por mais cretina que seja, também tem seu aspecto bom. “Bom” no sentido de bondade mesmo. Não! Não é contradição nem hipocrisia minha. É constatação.

Ainda me acostumando com a ideia de que os principais motivos para muitas pessoas serem sujas é a vontade incalculável de comparecem aos seus shopping-templos para venerarem o deus do consumo. Engraçado como a “melhor” e a “pior” coisa se associa ao dinheiro. E muitas pessoas acham que sou como elas, como se minha prioridade fosse idolatrar esse mesmo “deus”.

Fique frio! Em nenhum momento disse que sou santa, perfeita, incapaz de errar. Às vezes acho que erro mais que todo mundo, que tomo decisões erradas, que faço sofrer quem eu amo. 

E contesto! Contesto quando você me diz que agora estamos juntos para superar tudo. Por mais que a sua intenção seja boa, isso é inverídico. Você não entende que não somos “um”. Somos dois, eu e você. Duas peças chaves que se completam, mas que não se misturam. Eu tenho a minha cabeça, meus pensamentos, minhas neuras. Você também tem as suas. Mas concordo que hoje já não sei mais viver sem você. Você é o meu ponto de equilíbrio e, sem querer ser prepotente, eu sei que também sou o seu. Às vezes não sei se você fala em códigos para me deixar louca ou se eu já estou louca e acho que você tem um “Q” misterioso. Não sei o que pensar. E quando penso, sinto que é melhor não arriscar. O meu racional me diz que nada disso é racional. Meu emocional me diz que eu só posso estar com você... e é com você que ainda poderei ser feliz. Tenho tentado... Mas não sei se sou eu, se é o meu ego ou minha deficiência em assimilar e digerir rapidamente essa infinidade de fatos absurdamente e pejorativamente poderosos, que tenho sentido que estamos como duas retas paralelas, que caminham para um mesmo destino, possuem os mesmos ideais, mas não se olham.

Tudo isso pra te dizer que o apanhado que resolvi fazer, mesmo que você esteja confuso com esse tanto de assuntos desconexos e ditos sequencialmente sem qualquer vínculo, ou com elos que eu estabeleci entre uma loucura e outra, foi para enumerar os seguintes pontos que têm me tornado fragilizada. Talvez assim você entenda o turbilhão que se passa aqui nessa cachola. São eles:

* Descobri que não posso mudar o mundo. Que há coisas erradas que, por mais que eu me esforce, continuarão erradas. Descobri que não tenho forças contra titãs, gigantes que pisam em todos e tomam conta de tudo.

* Descobri que por mais que as situações sejam complicadas, que mesmo que a revolta seja insuportável, simplesmente não há o poder de reverter certas coisas, pois não depende de mim.

* Descobri que o que me revolta é não poder ter o controle das coisas, sobretudo aquilo que eu acho errado e penso que poderia consertar. Mas isso é a vida, não é? Talvez seja isso que tenha me feito perceber que os contos de fadas são exatamente isso: conto de fadas.

Não espero que me compreenda. Mas espero que esteja comigo. Aliás, desde que vim morar nessa cidade maluca, foi você com quem sempre contei, mesmo antes de você saber disso. Tenho sentido que estou te afastando, mas não quero isso. Isso é a consequência da história de quem envelheceu demais de uma hora pra outra, alguém que viu o que achou que nunca poderia ver. Alguém que esteve no inferno, mas que conseguiu sair... com feridas, mas de pé. E agora busca em você o refúgio, só que sem te sugar, de forma a te retribuir com o melhor que ela tem, tudo que lhe restou. E são coisas que valem a pena lutar!

E como sempre, despejei minha confusão em você. Acho que te uso como fonte de desabafo, mesmo que nada faça sentido pra você. Sabe de uma coisa? Acho que gosto mesmo de você. Na verdade, sabemos que é bem mais que isso. Bom... agora vou trabalhar. Tenha um excelente dia, nos vemos à noite!

04 fevereiro, 2012

Daniel Wagner, O Artista de Rua


Há cerca de dois meses, eu e o Daniel China (colaborador deste blog), temos visitado arredores de nosso local de trabalho durante o horário de almoço, no centro de Brasília/DF. Em uma dessas breves caminhadas encontramos uma das artes mais maravilhosas que poderia existir em um local que é sinônimo de correria, de pessoas ocupadas e contrastes sociais: Daniel Wagner, o Artista de Rua!

Em um cantinho, por trás dos comerciantes, estava Daniel e suas pinturas feitas em azulejos. Impressionante a rapidez, as técnicas, a percepção, o jogo de cores, o claro-escuro, o sombreado e a criatividade desse artista. É o tipo de coisa que nos faz parar e admirar. Cada tela pintada é tão rica em minuciosos detalhes que não nos deixa “cansar” de olharmos.


Para quem conhece Brasília, Daniel está de passagem pela cidade e faz pinturas no Setor Comercial Sul, quadra 03, ao lado das Lojas Americanas, em um vão recheado de vendedores ambulantes. Ao que tudo indica, ele viajará para o Rio de Janeiro e ficará em Copacabana durante o Carnaval, onde dará o ar de sua graça expondo e vendendo sua arte.



No contato que tivemos, soube um pouco de sua história. Daniel é um rapaz de 28 anos, nasceu em Belém-PA e, desde cedo, tem revelado o seu talento para as artes. “Na escola, eu era burro em matemática, era burro em português, mas tirava nota 10 em artes” – disse sorrindo.

Há pouco tempo suas pinturas eram feitas com o uso de spray, conforme se vê neste vídeo:


No entanto, devido a problemas de saúde e após consulta médica, ele ficou impedido de usar este tipo material para confecção de sua arte. Não houve problema para alguém como ele, com talento alternativo e ilimitado. Seu trabalho, atualmente, se volta à pintura em azulejos. Também pinta telas, mas somente por encomenda, pois são mais difíceis de serem vendidas devido ao custo ser um pouco maior. A pintura em azulejos o assegura de um volume maior de vendas e traz maior praticidade às confecções.


Há uma infinidade de temas em suas pinturas, mas sempre se destacam belas paisagens. Neste vídeo há uma breve manifestação de seu trabalho, junto com o de outros artistas de rua.


Daniel viaja por todo Brasil expondo e comercializando sua arte. Suas pinturas são a sua fonte de renda. Certo dia, em uma conversa, ele disse que cada pessoa é boa em alguma coisa, cada um tem o seu dom que só precisa ser descoberto e trabalhado. O dele é o dom da arte. Completou que investe naquilo que é bom e afirmou, sem qualquer hesitação, sua vontade de expressar sua arte por novas fronteiras e ser reconhecido por ela. Já afirmou que não viaja por todos os cantos para ganhar dinheiro, apesar de ser um fator vital para continuar expondo. Em muitas ocasiões ele ressaltou seu amor à arte, que gosta de fazer obras bem trabalhadas e só comercializa obras de qualidade. Não pensa em quantidade, mas em qualidade.


Daniel é um rapaz humilde, carismático, simpático, sempre sorridente e de uma sabedoria imensa. Sente vontade de quebrar barreiras e, através de seu dom, propiciar uma vida melhor para seus pais. Em diversas ocasiões, mencionou sua vontade em melhorar de vida e ajudar sua família.


Dizem que o Brasil é o país do futebol e do Carnaval! Tenho um certo asco dessa definição porque isso limita o país a apenas esses dois tipos de “riquezas”. Mas, de fato, os maiores investimentos culturais do país se voltam, praticamente, ao que foi citado.


Em contrapartida, vejo no Brasil uma infinidade de riquezas tão dignas quanto às já citadas (senão mais) de receberem maiores incentivos; dentre elas, grandes artistas. Daniel é um exemplo vivo de que aqui há diversas manifestações de arte, mas não existe a devida instigação, sobretudo por parte do governo.


Fico pensando que se este rapaz, assim como tantos outros, pudesse ter a oportunidade de estudar e aperfeiçoar seu dom através de um patrocínio do próprio Estado, a cultura do país se sobressairia muito no quesito “arte”. Admiro-me (negativamente) com a inversão de valores, a banalização de temas que deveriam ser considerados como dádivas e o culto a idiotices e futilidades. Neste contexto, é nítido que vários talentos são desperdiçados ou só encontram reconhecimento quando se encontram fora de seu país de origem. E o que acontece? O país PERDE pessoas únicas, a CULTURA do país perde riquezas insubstituíveis por falta de investimento.


Este post é apenas uma forma de reconhecer, divulgar e mostrar minha profunda admiração pelo trabalho de Daniel Wagner: uma pessoa simples e, ao mesmo tempo, muito rica em talento, ensinamentos e experiência de vidas. Um rapaz batalhador que não mede esforços para correr atrás de seus sonhos, que merece muito mais do que vender belíssimas obras de arte a preço de banana. Alguém que merece ser valorizado não apenas como artista, mas como exemplo de pessoa!


Abaixo seguem algumas aquisições feitas por mim e pelo Daniel China. Nós dois juntos já compramos cerca de 30 azulejos com os mais variados temas. Como forma de não banalizar sua arte e não facilitar o plágio por parte de outros pintores, a divulgação será limitada. Trata-se apenas de uma amostra de tamanho talento: Daniel Wagner, o artista de rua!